Como nasce um designer?
Comecei minha carreira em 2003, empreendendo no ramo da música. Já são 20 anos de estrada, e contando..
Em 2006 me formei em administração já com um guia, meu TCC, do que seria minha própria marca de camisetas. À época, o estilo surfwear era o hype absoluto e camiseta de malha era o item mais desejado entre os jovens mais antenados e afortunados. Havia uma grande lacuna nesse mercado: as marcas que apresentavam muita qualidade e estilo, na maioria gringas - à exceção da Osklen e outras poucas - eram monotemáticas, só falavam do universo praiano. Música, literatura, cinema, outros esportes, estilo de vida, cultura e arte de forma geral eram temas absolutamente inexplorados.
É aí que entra a Volver, um projeto de vida idealizado por mim e meu irmão. Depois de 2 anos mergulhados em testes e mais testes pra alcançar a qualidade desejada, produzindo micro lotes e validando com o público amigo - que por sinal não era pequeno (lembra da música? eu já estava no mercado) - lançamos, em 2009, a tão sonhada marca que faltava no mercado. O nome faz referência à resgatar, dar uma volta pelo passado. Era o que estávamos propondo, contar histórias através de estampas.
Imprevisto no caminho! Eram tantas ideias a serem concretizadas.. quem colocaria tudo aquilo em formato de estampa? Depois de sentar com vários ilustradores e designers (e também de quase euloquecê-los com tantos ajustes e refações) decidi eu mesmo, ainda em 2009, cursar Design Gráfico e assumir a direção criativa e artística que a marca tomaria. Nasceu o designer, meio na marra, mas com uma paixão indescritível. Importante mencionar que bem no início conheci um grande mentor, que logo se tornou amigo e braço direito na cadeira criativa: Rodrigo Tonani, hoje grande artista.
De lá pra cá muita história, muita experiência e milhares de quilômetros rodados - vendemos camisetas de norte a sul do país e também em alguns outros pontos do globo! - onde empreendedorismo e design foram, e sempre serão, temas centrais da minha atenção.
Sobre ser designer.. talvez eu já tenha nascido com esse bicho em mim. É que com o passar do tempo, lá se vão 14 anos, se revela de forma mais intensa e transparente.
Foram 10 anos construindo a marca Volver.
Acompanhe parte dessa história aqui.
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Essas são algumas estampas autorais. Estão postadas em ordem cronológica de lançamento. Repare na evolução estética e conceitual.
Curiosidade: a primeira foi criada na raça, num arquivo de word. Eu ainda não tinha ferramental suficiente para trabalhar as ideias mas o desejo de expressar a verdade da marca fez com que, algumas horas empurrando o mouse, resultasse no nosso primeiro lançamento, uma espécie de nuvem de palavras apresentando um pouco do que viria pela frente. E fez também com que eu buscasse recurso técnico. Foi ali que decidi cursar design!
Ao longo da nossa jornada, contamos com diversos artistas e designer que nos ajudaram a traduzir cada conceito e ideias em estampas. Gratidão a cada um que passou no nosso caminho. Particularmente falando, me proporcionou um conhecimento incrível numa diversidade grande de estilos. Alguns deles:
- Diguinho Tonani
- Ivan Santos
- Juliano - JJBZ
- Marcela Ghirardelli
- Rodrigo Greco (Escritório)
- Thiago Nogueira (Brandless - AUS)
- Matheus Barreto - Marreco
- Tiago Eiras - Geraldão
- João Gabriel - Jack
- Thiago Akira
- Bruninho Diablos
- Felipe Ambrosio (Pil)
- Marcelo Gringo (Pietà)
- Rafael Quick
- Renato Falci
- Ivan Santos
- Juliano - JJBZ
- Marcela Ghirardelli
- Rodrigo Greco (Escritório)
- Thiago Nogueira (Brandless - AUS)
- Matheus Barreto - Marreco
- Tiago Eiras - Geraldão
- João Gabriel - Jack
- Thiago Akira
- Bruninho Diablos
- Felipe Ambrosio (Pil)
- Marcelo Gringo (Pietà)
- Rafael Quick
- Renato Falci
Na Volver, o conceito por trás de cada estampa sempre foi uma premissa.
E nossa empolgação em apresentar cada um - nosso grande diferencial! - era tanta que em cada coleção, lançávamos também um folder mostrando cada referência, fosse em trecho de músicas, filmes, arte etc.. no verso, um poster com uma estampa que inevitavelmente virava quadro em algum lar. Além das camisetas, olha o que também se tornou colecionável.
Nosso objetivo em aumentar o nível de consciência cultural, estético e principalmente o repertório do público ia se concretizando e aos poucos formávamos uma espécie de comunidade onde todos sugeriam temas, indicavam conteúdo e trocavam referências.
Desde o início, a qualidade da malha e caimento das camisetas chamou muita atenção. Com isso, muitos pedidos para produzir coleções exclusivas chegavam até nós. Sempre fiéis ao nosso propósito, fazíamos questão de entender cada um desses pedidos e projetar juntos uma tiragem única pra cada situação. Festas, bandas, programas de televisão, cafeterias, cervejarias, pop up stores, grupos de corrida, motoclubes, hamburguerias, lojas de roupas, estúdio fotográficos, escola livre, eventos esportivos, bares, artistas locais, estúdios de tatuagem, lojas de produtos regionais típicos, djs e até fábrica de amplificadores foram contemplados com estampas próprias.
Destaque absoluto para o primeiro e único merchandising oficial do Clube da Esquina encomendado diretamente pelo Márcio Borges, maior compositor da obra do clube ao lado de Milton Nascimento. Coleção que tive muito orgulho em imergir para desenvolver e que trouxe um conhecimento riquíssimo de uma banda que eu já era fã. Essa ganhou merecidamente um folder/poster com parte da história do Clube e das estampas. Uma leva dessas camisetas foi parar no Japão, onde o Clube mantém uma grande base de fãs locais.
Produzimos também para a cervejaria Wals no auge do seu crescimento, quando foi comprada pela Ambev, para quem logo criaríamos também. Sem contar tantos outros empreendimentos.
Produzimos também para a cervejaria Wals no auge do seu crescimento, quando foi comprada pela Ambev, para quem logo criaríamos também. Sem contar tantos outros empreendimentos.
Mais uma vez, tivemos oportunidade de conhecer pessoas e modelos de negócios graúdos e interessantíssimos. Baita privilégio!
Começávamos a produzir conteúdo junto aos parceiros. O vídeo abaixo foi feito com a banda experimental Dibigode, durante turnê pelo Centro Oeste dos Estados Unidos em 2013.
Nunca foi apenas sobre camisetas! Queríamos expandir os horizontes através de um evento que reunisse arte e boa culinária de uma forma diferente. A ideia era instigar todos os sentidos das pessoas e proporcionar um dia especial, onde todos pudessem interagir de forma leve, em meio à natureza.
Encontramos o apoio de grandes parceiros que também acreditaram e compartilhavam desse sentimento de 'tá faltando algo desse tipo na cidade' e realizamos em setembro de 2016 um evento realmente inédito na cidade.
E o resultado surpreendeu! Os principais meios de comunicação noticiaram o evento. As atenções de muita gente importante se voltaram para nós, inclusive dos idealizadores da Casa Cor, que nos convidou para realizar o Jardí no encerramento da sua edição daquele ano. Mais um marco na nossa trajetória. Aliás, foi nossa segunda participação na Casa Cor, já que já tínhamos cedido algumas camisetas da coleção Diablos para compor o 'flat do motociclista', da arquiteta Bia Cristina Costa.
O Jardí nos trouxe mais uma enxurrada de parcerias de peso: banda Vulgo, live painting Rodrigo Tonani, Buffet Rullus e MiGarba, cervejaria Wals, decoração Flora de Série, revista Ernesto, filmagem Par Filmes, fotografia Georgia Braga.
Abaixo um vídeo que ilustra bem o poder dos relacionamentos que fizemos ao longo do ano. Reunimos as maiores referências de cada segmento e visitamos os principais pontos da cidade para retratar nosso habitat e contar um pouco das nossas raízes.
2016 ficou marcado como um ano de mudanças. Da tímido showroom que mantínhamos no bairro Sion, em Belo Horizonte, fomos para o maior e mais cool coworking da cidade, o Guaja. Mais uma tonelada de aprendizados e parcerias.
Em 2017 sentíamos que o modelo de negócio precisava ser chacoalhado. Estudávamos uma maneira de subverter a ordem da produção. Não fazia mais sentido, num mundo tão acelerado e conectado ficar produzindo, estocando e vendendo. Além da energia dispensada, o risco como Para eliminar sobras, desperdício e manter o caixa mais saudável, era mais racional e ecológico vender, produzir e entregar, nessa ordem. Lançamos um modelo baseado no crowdfounding batizado de crowdshirt.
Influenciamos uma grande mudança de mentalidade no nosso entorno. Arredondamos todos os processos, como se começássemos do zero à partir dali. Precisávamos de um sacode. A marca ficou fortíssima, o negócio nem tanto. A produção não estava inteiramente no nosso controle, a energia investida já não justificava o retorno financeiro.. esses e mil outros poréns justificavam uma pausa. Seria a Volver uma anti-marca? Aquela que de tão exclusiva e modelada para um pequeno grupo, que quando estourada a bolha simplesmente deixa de existir?
Em setembro de 2019, depois de uma série de postagens que fizemos no instagram @volvertshirts em comemoração aos 10 de marca, escrevemos assim:
"foram 10 anos de muitas colheitas, muitas experiências, estudos, desafios.. muita arte! a Volver nos abriu portas jamais imaginadas, nem mesmo nos melhores sonhos. nos proporcionou conhecer pessoas incríveis, construir verdadeiras pontes e amizades. conhecemos um mundo novo. tivemos a honra de criar, do zero, uma marca conceitual, original, local, fair trade, imbuída de propósito e de muita verdade. nunca abrimos mão da nossa verdade. erramos muito, acertamos muito também....
... chegou o momento de nos despedir. não sem antes agradecer infinitamente à nossa família, todos os amigos, clientes, fornecedores, colaboradores, admiradores.. TODOS que de alguma forma fizeram parte da nossa jornada.
não temos formas de retribuir aos que cruzaram nosso caminho nesses anos. que sorte a nossa!
acredite, no final de nossas vidas ainda olharemos pra trás com um baita orgulho desse ciclo que se encerra aqui. 10 anos de dedicação a algo que sempre fez nossos corações bater mais forte. estamos por aí. nossas raízes estarão sempre aí. sempre prontos pra novos projetos, novos desafios, novos voos.
ADÍOS AMIGOS!"
Além dessa série de postagem é possível encontrar alguns vestígios da marca por aí. Um que vale a pena garimpar é nosso perfil no spotify como as playlists que lançávamos para cada estampa. Acessa aí
À partir de 2019 foquei minha energia em estudar à fundo um dos pilares da construção de marca: identidade visual. Fiz diversos projetos contemplando a expressão visual, mas também, e principalmente a visão estratégica. Sempre de olho no negócio em que a marca está inserida.
Em 09 de janeiro de 2023 fundei meu próprio estúdio pipodesign expandindo minhas entregas para criação de estratégia, posicionamento e identidade de marca.
Se chegou até aqui, obrigado pela companhia, ficarei feliz em receber um alô.
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